Rapé

A sagrada medicina do Rapé foi criada pelos povos nativos amazônicos, utilizando tabaco moído com casca de arvores medicinais torrados, tais como a copaíba, cumaru de cheiro (casca da cerejeira), canela-de-velho, sunum (pau-pereira), entre outras cinzas oriundas de cascas de árvores também medicinais. As tribos indígenas produzem artesanalmente seu rapé e é considerado terapêutico, cada etnia possui suas próprias receitas. Os kaxinawá (hunikui) do Acre o preparam com meia porção de tabaco e meia porção de cinzas de madeiras selecionadas.

A consagração do Rapé pode ser feita de 3 formas:

1 - Dentro de uma tenda de cura o pajé sopra o pó do Rapé envolvendo o ambiente e todos que tiverem presentes inalam o pó. Os índios acreditam que a aspiração desta fumaça representa absorver energia dos espíritos que acompanham o pajé, sua ancestralidade e os seres espirituais que habitam a floresta. Seu objetivo é realizar a consagração em conjunto onde todos tenham objetivos semelhantes para com a medicina.

2 - Utilizando o Tipí, ferramenta de bambu comprida, onde o pajé sopra a sagrada medicina do Rapé para apenas uma pessoa com os objetivos focados em para com o que se é solicitado. Seu intuito é levar ao buscador um sopro focado em seus objetivos.

3 - Utilizando o Kuripe, ferramenta de bambu em forma de V, o buscador se auto-aplica, neste caso é recomendado que já se tenha acontecido algum contato com a medicina sagrada para saber com o que está lidando e como proceder. Neste caso o buscador precisa ter consciência do que necessita, autoconhecimento é a palavra para definir o pré-requisito para a consagração desta maneira.

O Rapé possui várias utilidades ritualística e medicinal, proporciona a limpeza energética, conexão com o ancestral, conexão com a natureza, abertura e amplificação da espiritualidade, além de combater depressão, ansiedade, pressão alta, falta de foco, além de outras características dependendo de qual planta for adicionado ao tabaco.

O tabaco xamânico não é industrializado, sendo um tabaco originado e colhido na floresta, de plantas extremamente poderosas, curativas e que estão em seu estado original, ou seja, com toda potência. O rapé industrial é puro tabaco em grânulos diferentemente do xamânico que se encontra em pó.

Vale ressaltar que por sua composição possuir tabaco, ou seja possui nicotina, o uso descriminado pode levar a dependência química, todavia existem tribos que produzem o rapé sem o acréscimo do tabaco, porém os efeitos no âmbito espirituais são muito mais potentes e é recomendado uma dose menor.

Att. J.F.

Referências:

Santos, G. Mendes dos; Soares, G. H. Rapé e Xamanisno entre grupos indígenas no Médio Purus, Amazônia. Manaus, 27 de Outubro de 2015. Seção (se houver). Disponível em: <http://periodicos.ufpa.br/index.php/amazonica/article/viewFile/2148/2440>. Acesso em: 20 de Outubro de 2019.